O presidente da Reserva Federal (Fed) dos EUA, Jerome Powell, admitiu no simpósio de Jackson Hole que o equilíbrio de riscos na economia “pode justificar um ajustamento” na política monetária. Esta sinalização foi interpretada pelos mercados como uma maior abertura para um corte nas taxas de juro já na próxima reunião do banco central, agendada para 16 e 17 de setembro. No seu discurso, Powell descreveu o momento atual como uma “situação delicada”, na qual a Fed tem de equilibrar dois riscos opostos.
Por um lado, as novas tarifas aduaneiras impostas pela administração norte-americana “estão a começar a puxar os preços para cima”, com o risco de reacender a inflação.
Por outro, alertou para o “aumento” dos “riscos negativos” sobre o emprego, que poderiam justificar uma política monetária mais expansionista para apoiar o mercado de trabalho. A sua declaração de que “a perspetiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar o ajustamento da nossa postura política” foi o sinal mais claro até à data de que um corte nos juros está a ser seriamente considerado. A reação dos mercados foi imediata, com os operadores a aumentarem a probabilidade de um corte em setembro de 75% para 87%, segundo a CNN. Esta mudança de tom ocorre num contexto de forte pressão por parte da administração Trump para uma redução das taxas, o que adiciona uma camada de complexidade política às decisões técnicas do banco central.
Em resumoO discurso de Jerome Powell em Jackson Hole marcou uma viragem na comunicação da Reserva Federal, abrindo a porta a um corte nas taxas de juro em setembro. Ao reconhecer a alteração no equilíbrio de riscos entre inflação e emprego, o presidente da Fed respondeu às preocupações do mercado e preparou o terreno para uma possível flexibilização da política monetária, apesar das pressões inflacionistas geradas pelas tarifas.