O Governo anunciou que o pagamento do apoio extraordinário à renda será efetuado em setembro, com retroativos a janeiro, a 129.642 inquilinos. No entanto, o pagamento será suspenso para 58.659 beneficiários devido a incongruências, numa altura em que a Provedoria de Justiça denuncia "graves irregularidades" no programa. Este anúncio surge após a Provedoria de Justiça ter enviado um ofício à secretária de Estado da Habitação, apelando a uma revisão urgente do regime, depois de receber cerca de um milhar de queixas entre maio de 2023 e julho de 2025. As reclamações apontam para suspensões e reduções dos apoios, “extrema morosidade” nos pagamentos e falta de informação sobre os retroativos.
A Provedoria concluiu que o regime foi concebido sem atenção a direitos fundamentais dos cidadãos, como o direito à informação e à audiência prévia.
Em resposta, o Ministério das Infraestruturas e Habitação admitiu que o Programa de Apoio Extraordinário à Renda (PAER), criado pelo governo anterior, foi “mal desenhado”.
O problema reside na necessidade de cruzar dados de cinco entidades diferentes (IHRU, Autoridade Tributária, Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações e Fundação para a Ciência e Tecnologia) “sem que tenha sido garantida a sua interoperabilidade”.
O Governo prometeu uma revisão do programa “para breve”.
Os beneficiários com pagamentos suspensos serão notificados para regularizar a sua situação no Portal Consulta Cidadão do IHRU.
Em resumoApós meses de atrasos e queixas que levaram à intervenção da Provedoria de Justiça, mais de 129 mil famílias irão finalmente receber o apoio à renda em setembro, com retroativos. Contudo, o sistema continua a apresentar falhas graves, com quase 59 mil processos suspensos, evidenciando as dificuldades de um programa que o próprio Governo admite ter sido mal concebido.