No entanto, a quebra acentuada no preço da matéria-prima poderá resultar num resultado económico inferior ao do ano anterior.

Inicialmente, a previsão da maior exploração agropecuária nacional apontava para uma colheita de 45 mil arrobas (cerca de 675 toneladas). Contudo, as condições climatéricas favoráveis, com uma primavera generosa em precipitação, permitiram que as árvores "manifestassem disponibilidade para largar mais cortiça", explicou Eduardo Oliveira e Sousa, presidente do Conselho de Administração da empresa.

Este aumento na produção permitiu incluir na extração parcelas que se encontravam com a tiragem irregular.

Apesar do volume superior, o resultado económico da campanha poderá ser inferior ao de 2024.

A quebra nos preços é atribuída ao excesso de cortiça armazenada na indústria e à instabilidade dos mercados internacionais, agravada por conflitos e pelas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos.

O presidente da Companhia das Lezírias lamentou que "o agricultor está a perder dinheiro com um produto de excelência", acrescentando que o valor praticado este ano é o mesmo de há 20 anos.

O setor enfrenta ainda desafios estruturais, como o envelhecimento da mão-de-obra especializada, com cada vez menos jovens a aprender o ofício, apesar da remuneração poder atingir os 115 euros por dia.

A concentração empresarial no setor também reduziu o número de compradores, pressionando os preços.

Apesar destes desafios, Portugal mantém a liderança mundial na produção e exportação de cortiça, com aplicações que vão desde as tradicionais rolhas a componentes para a indústria automóvel e aeroespacial.