O número de trabalhadores alvo de despedimento coletivo em julho atingiu 781, o valor mais elevado para este mês na última década, excluindo o ano pandémico de 2020. Nos primeiros sete meses do ano, o número de trabalhadores abrangidos já cresceu 30,3% em termos homólogos, sinalizando um aumento da pressão sobre o mercado de trabalho. De acordo com dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), a tendência de aumento dos despedimentos coletivos, iniciada em 2022, acentuou-se em 2025. Entre janeiro e julho, foram abrangidos 4.688 trabalhadores, mais do dobro dos 2.140 registados no mesmo período de 2023.
O número de processos comunicados ao Ministério do Trabalho também subiu 13,3%, para 332, o valor mais alto desde 2020.
A análise setorial de julho revela que as atividades de consultoria, científicas e técnicas foram as mais afetadas, com 340 trabalhadores despedidos, seguidas pelas indústrias transformadoras, com 285.
Geograficamente, a região de Lisboa e Vale do Tejo concentrou 81% dos trabalhadores dispensados. Um dado relevante é que a maioria dos processos (77%) partiu de micro e pequenas empresas, embora as médias e grandes empresas tenham sido responsáveis pelo maior número de trabalhadores despedidos (40% e 28%, respetivamente).
A justificação mais comum para os procedimentos foi a redução de pessoal (53%). Recentemente, a tecnológica japonesa Fujitsu anunciou a intenção de avançar com um despedimento coletivo de 54 trabalhadores em Lisboa e Braga, alegando uma redução da atividade.
Em resumoOs dados sobre despedimentos coletivos revelam uma tendência preocupante de deterioração no mercado de trabalho, contrastando com outros indicadores económicos mais positivos. O aumento significativo do número de trabalhadores e empresas afetadas, especialmente as de menor dimensão, sugere a existência de dificuldades estruturais em vários setores da economia portuguesa.