O Banco Central Europeu (BCE) alerta que esta escalada, impulsionada por custos laborais e matérias-primas, afeta desproporcionalmente as famílias de menores rendimentos.
Numa análise publicada no seu boletim económico, o BCE descreve o aumento como "excecional e persistente".
Enquanto o índice geral de preços ao consumidor subiu 23% desde agosto de 2019, os alimentos registaram um aumento de 34%. Esta disparidade é particularmente visível em produtos essenciais: o preço da carne de vaca e do leite subiu quase 40%, enquanto a manteiga e o azeite aumentaram cerca de 50%. A inflação alimentar na zona euro acelerou para 3,2% em agosto, um valor consideravelmente superior à taxa de inflação geral de 2%, que corresponde à meta do BCE.
Os economistas do banco central identificam como principais causas o aumento dos custos laborais e a subida dos preços das matérias-primas a nível global, em parte exacerbados por fenómenos climáticos como as secas em Espanha, que impactaram a produção de azeite. O relatório sublinha o impacto social desta tendência, afirmando que "os preços dos alimentos importam de forma desproporcionada para as perceções e expectativas de inflação" e que as famílias de baixos rendimentos são as mais penalizadas, pois dedicam uma maior percentagem do seu orçamento a bens alimentares. A situação leva a que muitos consumidores se sintam "mais pobres do que antes do surto de inflação que se seguiu à pandemia".












