A proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), entregue pelo Governo na Assembleia da República, estabelece uma meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3%. Esta projeção, que sucede a uma estimativa de 2,0% para 2025, representa uma revisão em baixa face às previsões anteriores do executivo e suscita um debate sobre o otimismo do cenário macroeconómico. A aceleração do crescimento em 2026 é justificada pelo Governo com o dinamismo do investimento, que deverá crescer 5,5%, impulsionado pela execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e por grandes projetos privados. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, destacou que “o investimento acelera no próximo ano, em parte pelo fator PRR, mas também por investimento privado e os grandes projetos que o país tem conseguido atrair”.
Contudo, esta visão contrasta com a de várias entidades.
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) endossou as previsões, mas alertou para uma “possível sobrestimação do comportamento real da economia para 2026”, recomendando “um grau acrescido de prudência”.
As confederações patronais também manifestaram ceticismo.
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) considerou a proposta “aquém do necessário para alcançar os objetivos de crescimento”, defendendo que o documento deveria ter uma orientação “mais centrada nas empresas”. A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) partilhou da preocupação, alertando para taxas de crescimento “quase anémicas, sempre muito abaixo do nosso potencial”.
O próprio Governo reconhece riscos, como um abrandamento da procura externa e o impacto das tarifas norte-americanas, que poderão penalizar o PIB em 0,15 pontos percentuais.
Em resumoA meta de crescimento de 2,3% do PIB para 2026, sustentada pelo investimento do PRR, é vista com otimismo pelo Governo, mas gera reservas no Conselho das Finanças Públicas e nas confederações patronais, que consideram o cenário demasiado otimista e as medidas insuficientes para um crescimento robusto, alertando para os riscos externos.