A proposta de utilizar a receita da venda dos terrenos do atual aeroporto Humberto Delgado para financiar o novo Aeroporto Luís de Camões gerou um impasse entre a concessionária ANA e o Governo. Enquanto a ANA e outras entidades veem a medida como uma forma de evitar o aumento de taxas aeroportuárias, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, rejeita a ideia, garantindo que os terrenos serão destinados a um novo parque urbano. A questão surgiu no âmbito do relatório de consultas da ANA, onde várias entidades sugeriram que “o valor gerado com a venda dos terrenos do aeroporto Humberto Delgado deve ser utilizado para reduzir os custos do NAL [Novo Aeroporto de Lisboa]”. A própria ANA considerou que “o debate é válido” e que tal poderia “limitar o custo global do projeto para os seus futuros utilizadores”.
O custo estimado do novo aeroporto é de 8,5 mil milhões de euros, com mais de 7 mil milhões a serem obtidos através de dívida.
Em resposta, o ministro Miguel Pinto Luz foi categórico: “Eu quero tranquilizar os portugueses, a posição do Governo é clara, os terrenos do aeroporto não serão utilizados para pagar o novo aeroporto”. O governante revelou que os terrenos farão parte do projeto “Parques Cidades do Tejo para um novo desenvolvimento urbano das cidades de Loures e de Lisboa”. Reiterou ainda que o novo aeroporto “não terá contributo direto do Orçamento de Estado, será pago com o `Business Plan´ que será apresentado”.
Esta posição demarca o Governo da proposta da concessionária, que sugeriu um aumento progressivo das taxas aeroportuárias entre 2026 e 2030 para pré-financiar o projeto.
Em resumoO debate sobre o modelo de financiamento do novo aeroporto de Lisboa intensificou-se, com o Governo a traçar uma linha vermelha clara contra a venda dos terrenos da Portela para financiar a nova infraestrutura, insistindo num modelo baseado no plano de negócios da concessionária sem recurso a fundos públicos diretos.