O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um conjunto de recomendações para Portugal, instando o país a compensar os recentes cortes no IRS e IRC através da redução de isenções fiscais e da melhoria da eficiência da despesa pública. O organismo alerta que, para manter o equilíbrio orçamental para além de 2026, serão necessárias medidas estruturais que respondam também às pressões decorrentes do envelhecimento da população. Nas suas projeções, o FMI mostra-se mais pessimista que o Governo português, antecipando um excedente de 0,2% do PIB para este ano, mas um saldo nulo em 2025, enquanto a maioria das instituições já aponta para um défice. Para o crescimento económico, as previsões são de 1,9% este ano e 2,1% no próximo, valores inferiores aos 2% e 2,3% projetados pelo Executivo.
Apesar das advertências, o FMI elogia o "desempenho económico notável de Portugal desde a pandemia", destacando o crescimento acima da média da zona euro e a "redução impressionante da dívida pública em cerca de 45% do PIB". A instituição financeira internacional sublinha ainda o progresso na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), notando que Portugal alcançou uma taxa de desembolso de 40%, num plano orçado em 22,2 mil milhões de euros, o que está acima da média da União Europeia.
Para "preservar a solidez orçamental", o FMI recomenda reformas para "eliminar os desincentivos à expansão das empresas – por exemplo, o imposto progressivo sobre o rendimento das empresas [IRC] -, melhorar o acesso ao financiamento, resolver a dualidade do mercado de trabalho, continuar a progredir nos resultados da educação e simplificar a burocracia".
Em resumoO FMI reconhece o bom desempenho económico de Portugal, incluindo uma redução da dívida de 45% do PIB, mas alerta para a necessidade de compensar os cortes fiscais com a redução de isenções e maior eficiência da despesa. As suas previsões de crescimento (1,9% este ano) e de saldo orçamental (nulo em 2025) são mais cautelosas que as do Governo.