Esta é uma das principais conclusões de um estudo do Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social (CoLABOR), que evidencia as profundas desigualdades salariais associadas à sobrequalificação. O relatório “Trabalho, Emprego e Proteção Social 2025” revela ainda que este fenómeno está ligado a uma maior precariedade, com 27% dos trabalhadores sobrequalificados a enfrentarem vínculos laborais atípicos, uma proporção significativamente superior à dos seus pares. A população imigrante é particularmente afetada: em 2023, 27,1% dos trabalhadores estrangeiros no setor privado estavam sobrequalificados, um valor que dispara para 44,9% entre aqueles com ensino superior. O estudo aponta também para a persistência de desigualdades de género, notando que, embora as mulheres representem 45% do emprego a tempo inteiro no setor privado, ocupam apenas 36% dos cargos de liderança.

Em posições executivas, onde representam 28,4% dos lugares, o diferencial salarial ajustado atinge os 21%.

Estes dados sublinham desafios estruturais no mercado de trabalho português, onde a formação superior não se traduz necessariamente em melhores condições salariais ou estabilidade, penalizando de forma desproporcional determinados grupos da população ativa.