Portugal é o país da União Europeia onde os preços da habitação estão mais sobrevalorizados, com uma estimativa de 25% acima do que seria considerado sustentável, segundo a Comissão Europeia. Este diagnóstico foi divulgado no âmbito da apresentação do primeiro plano europeu para a habitação acessível, que visa responder a uma crise que se agrava em todo o continente, onde os preços das casas subiram em média 60% desde 2015. Bruxelas aponta que, em Portugal, “o crescimento dos preços da habitação começou a ultrapassar o crescimento dos rendimentos em 2016 e o fosso entre ambos aumentou acentuadamente”. Esta pressão sobre o mercado nacional ocorre num momento em que a procura, especialmente por parte dos mais jovens, tem vindo a aumentar.
Um estudo da ERA Portugal revela que a compra de casa por jovens até aos 35 anos disparou 59% entre 2023 e 2025, um fenómeno impulsionado pelas medidas de apoio do Governo, como isenções fiscais e a garantia pública.
Este aumento da procura, num contexto de oferta limitada, “veio pressionar ainda mais o preço médio dos imóveis e reforçar a tensão no mercado”, afirma Rui Torgal, CEO da ERA Portugal.
Para combater a crise a nível europeu, o novo plano de Bruxelas prevê mobilizar um investimento público e privado de 150 mil milhões de euros anuais durante a próxima década, com o objetivo de construir cerca de 650 mil novas habitações por ano. O Banco Europeu de Investimento (BEI) anunciou que irá duplicar o seu financiamento para habitação acessível, atingindo seis mil milhões de euros já em 2026.
Em resumoA Comissão Europeia identificou Portugal como o país da UE com a maior sobrevalorização dos preços da habitação, estimados em 25% acima do valor real. Enquanto os incentivos governamentais impulsionaram um aumento de 59% na compra de casa por jovens, agravando a pressão sobre a oferta, a UE responde à crise com um plano de investimento massivo para aumentar a construção de habitação acessível.