O processo de privatização da TAP Air Portugal avançou decisivamente esta semana, com o Governo a concluir a fase de pré-qualificação e a validar o interesse dos três gigantes da aviação europeia: Lufthansa, Air France-KLM e o grupo IAG (detentor da British Airways e Iberia). A Parpública foi mandatada para enviar, a partir de 2 de janeiro de 2026, os convites para a apresentação de propostas não vinculativas, que deverão ser entregues até 2 de abril. O caderno de encargos prevê a alienação de, pelo menos, 44,9% do capital social da transportadora, reservando 5% para os trabalhadores. Numa alteração estratégica, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, anunciou que ativos importantes como as participações na empresa de 'handling' SPdH (antiga Groundforce) e na Cateringpor, bem como os terrenos e edifícios adjacentes ao aeroporto de Lisboa (o chamado "reduto TAP"), ficarão fora do perímetro da privatização. As receitas provenientes da venda autónoma destas unidades de negócio reverterão diretamente para o Estado, em conformidade com o plano de reestruturação acordado com Bruxelas, que termina a 31 de dezembro de 2025.
O ministro saudou o interesse dos grandes grupos, afirmando ser um sinal da "saúde económico-financeira da companhia".
Os critérios de seleção não se limitarão ao preço, avaliando também o plano industrial, a manutenção do 'hub' de Lisboa e a valorização dos trabalhadores.
Contudo, a estrutura da venda já gerou reações distintas.
Enquanto a Air France-KLM reforçou o seu "forte interesse estratégico", o grupo IAG manifestou reservas.
O seu diretor financeiro, Nicholas Cadbury, considerou a aquisição de uma posição minoritária "um negócio difícil de concretizar", sublinhando que o grupo necessitaria de "um caminho muito claro para a propriedade total ou maioritária" para garantir a transformação do modelo de negócio e elevar as margens operacionais da TAP para os níveis praticados pelo IAG, entre 12% e 15%.
Em resumoO processo de privatização da TAP avança com a qualificação dos grupos Lufthansa, Air France-KLM e IAG para a fase de propostas não vinculativas. O Governo alienará até 44,9% do capital, excluindo os negócios de 'handling', 'catering' e os terrenos da Portela. Enquanto a Air France-KLM reitera o interesse, o IAG levanta objeções à aquisição de uma participação minoritária, condicionando o negócio a um futuro controlo maioritário.