A indústria hoteleira europeia, incluindo Portugal, está a preparar um processo coletivo contra a plataforma Booking.com, com mais de 10 mil hotéis a aderirem à ação. A queixa alega que, durante duas décadas (de 2004 a 2024), a plataforma utilizou o seu poder de mercado para impor cláusulas de “melhor preço” que prejudicaram financeiramente os hotéis e violaram as leis da concorrência da União Europeia. A ação judicial é liderada pela Associação de Hotéis, Restaurantes e Cafés na Europa (HOTREC), que acusa a Booking.com de coagir os hotéis a não oferecerem preços mais baixos noutras plataformas, incluindo nos seus próprios websites. Segundo a associação, estas “cláusulas de paridade” foram consideradas ilegais por uma decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia. “A hotelaria europeia sofre há muito de condições injustas e de preços excessivos.
Agora, é a altura de nos unirmos e juntos exigirmos uma compensação”, afirmou o presidente da HOTREC, Alexandros Vassilikos.
Em resposta, a Booking.com considerou as afirmações “incorretas e enganosas”, defendendo que as suas cláusulas serviam para “fomentar os preços competitivos e não restringi-los”. A empresa, que ainda não foi formalmente notificada, alega que um estudo demonstrou que a sua plataforma melhorou as margens de lucro e as taxas de ocupação da maioria dos hotéis. O processo surge num momento em que a Booking.com domina cerca de 71% do mercado de hotelaria na Europa, tornando-se uma ferramenta crucial mas controversa para o setor.
Em resumoMais de 10 mil hotéis europeus uniram-se num processo judicial contra a Booking.com, acusando a plataforma de impor cláusulas de “melhor preço” abusivas durante 20 anos. Enquanto a indústria hoteleira procura compensação por perdas financeiras, a Booking.com nega as acusações, defendendo que as suas práticas promoviam a competitividade.