Estes dados constam do estudo “Impacto da Economia Digital em Portugal”, coordenado por Filipe Grilo, da Porto Business School, que sublinha o papel da inteligência artificial (IA) como o principal motor de produtividade e disrupção na economia nacional. O relatório, elaborado pela Associação da Economia Digital (ACEPI) e pela consultora GoingNext, destaca que o impacto da digitalização vai muito além do setor tecnológico, abrangendo áreas como a indústria, o retalho, a agricultura e o turismo.

Segundo Filipe Grilo, “o setor digital ajuda a sustentar cerca de 3 milhões de empregos, a gerar 90 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto e a contribuir com 30 mil milhões de receita fiscal”. Só o núcleo tecnológico, ou “setor puro digital”, representa já 500 mil postos de trabalho e tem um efeito multiplicador de 2,7 sobre a economia.

Gabriel Coimbra, ‘partner’ da GoingNext, aponta a IA como o “catalisador da transformação digital em praticamente todos os setores”. O estudo identifica que 77% das empresas que utilizam IA já reportam ganhos de produtividade, principalmente através da automação de tarefas e da melhoria do serviço ao cliente.

No entanto, os autores alertam para um “bloqueio estrutural” em Portugal.

Filipe Grilo refere que, muitas vezes, “a tecnologia é adotada, mas não é bem integrada, fica à superfície”, um problema ligado a um “défice crónico de qualidade de gestão”. A conclusão é que, apesar de Portugal possuir infraestruturas robustas e talento qualificado, é preciso acelerar a adoção da IA para criar novos modelos de negócio e reforçar a competitividade nacional.