A fábrica da Bosch em Braga, uma das maiores unidades da empresa em Portugal e uma das principais exportadoras nacionais, anunciou a implementação de um regime de 'lay-off' que afetará 2.500 trabalhadores. A medida, com início em novembro e duração prevista até abril de 2026, resulta diretamente da escassez global de componentes eletrónicos que continua a perturbar a indústria automóvel. A decisão abrange a totalidade dos colaboradores da área de produção especializada em soluções de mobilidade, que verão os seus contratos suspensos ou as horas de trabalho reduzidas. Os trabalhadores de apoio à produção deverão deslocar-se à empresa apenas uma vez por semana. Num comunicado oficial, a empresa justificou a medida afirmando: “Devido à escassez de componentes para peças eletrónicas e as recorrentes interrupções na produção, o mecanismo de ‘lay-off’ estabelecido no Código de Trabalho entra em vigor a partir do início de novembro até, presumivelmente, ao final de abril de 2026”. Esta situação agrava um quadro já delicado, que incluiu centenas de despedimentos na mesma unidade em 2024 e 2025. A origem do problema reside na crise geopolítica em torno da Nexperia, um fabricante neerlandês de semicondutores controlado pela chinesa Wingtech.
Após o governo dos Países Baixos ter assumido o controlo da empresa sob pressão dos EUA, a China retaliou restringindo as exportações.
Embora não sejam de ponta, os chips da Nexperia são essenciais para até 700 componentes automóveis, e a sua falta ameaça paralisar linhas de produção em toda a Europa, afetando gigantes como a Volkswagen e a BMW.
Em Portugal, a Autoeuropa também manifestou preocupação.
A Bosch declarou estar em contacto “próximo” com a Nexperia, esperando “uma resolução rápida”, enquanto explora fontes de fornecimento alternativas para minimizar o impacto nos clientes.
Em resumoO 'lay-off' na Bosch de Braga, que afeta 2.500 trabalhadores até 2026, é uma consequência direta da crise global de semicondutores, intensificada por tensões geopolíticas envolvendo a empresa Nexperia. A medida evidencia a vulnerabilidade da cadeia de abastecimento automóvel europeia, com repercussões significativas para a indústria em Portugal, incluindo a Autoeuropa, e sublinha a urgência de encontrar soluções para a escassez de componentes essenciais.