A escassez de componentes essenciais ameaça paralisar linhas de produção em toda a Europa, com impactos diretos já visíveis em Portugal. A crise teve origem quando o governo neerlandês assumiu o controlo da Nexperia, uma fabricante de chips detida pela chinesa Wingtech Technology, alegando preocupações com a segurança nacional e a transferência de tecnologia. Em retaliação, Pequim bloqueou a exportação de chips da Nexperia produzidos na China. Embora a maior parte da produção ocorra na Europa, cerca de 70% dos componentes são embalados em território chinês, o que tornou o bloqueio particularmente eficaz. Os chips em questão, díodos e transístores, são componentes básicos mas indispensáveis, presentes em centenas de sistemas de um veículo moderno, desde os motores dos limpa-para-brisas aos sensores de travagem.
O impacto foi imediato, com fabricantes como Honda, Volkswagen e General Motors a reportarem reduções ou suspensões na produção.
A situação em Portugal é especialmente tensa.
A Bosch em Braga foi forçada a colocar 2.500 trabalhadores em regime de 'lay-off', uma medida que se estenderá "até, presumivelmente, ao final de abril de 2026".
A Autoeuropa, embora tenha garantido a produção para as próximas semanas, e a Stellantis de Mangualde avaliam a situação "semana a semana".
O CFO do grupo Volkswagen, Arno Antlitz, sublinhou que a solução para o problema é "política e não técnica", uma visão partilhada por outros líderes do setor, evidenciando que a crise transcende a logística e entra na esfera da geopolítica.
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) alertou que "terminados os stocks poderá ser problemático", enquanto a sua congénere europeia (ACEA) avisou que a "paragem de linhas de produção pode estar a dias de distância". A crise expõe a persistente vulnerabilidade das cadeias de abastecimento europeias, três anos após as promessas de maior resiliência feitas durante a pandemia.













