A Bosch de Braga anunciou a entrada em regime de 'lay-off' para 2.500 dos seus trabalhadores, uma medida drástica motivada pela escassez global de semicondutores. A suspensão dos contratos de trabalho e/ou redução de horários terá início em novembro e deverá prolongar-se "até, presumivelmente, ao final de abril de 2026", refletindo a gravidade da crise na cadeia de abastecimento que afeta a indústria automóvel. A decisão da multinacional alemã, uma das maiores exportadoras de Portugal, surge como consequência direta do bloqueio no fornecimento de componentes eletrónicos da Nexperia, uma fabricante de chips no centro de um conflito diplomático entre os Países Baixos e a China. A fábrica de Braga, que empregava mais de 4.000 pessoas há pouco mais de um ano e já tinha reduzido o seu efetivo em cerca de 700 pessoas, vê-se agora forçada a paralisar grande parte da sua produção. A empresa garantiu que está a fazer todos os esforços para minimizar as restrições, incluindo a procura de "fontes alternativas de fornecimento", e espera que a produção regresse à normalidade assim que a escassez for ultrapassada.
O ministro da Economia, Castro Almeida, descreveu a situação como um "problema circunstancial" que "não coloca em causa o futuro da empresa".
No entanto, a medida gerou fortes críticas, nomeadamente do Partido Comunista, que acusou a "multimilionária Bosch" de transferir os custos da sua decisão para a Segurança Social portuguesa, apesar dos lucros avultados registados em 2024.
Este 'lay-off' massivo evidencia o impacto local e severo de uma crise geopolítica global, tornando-se um dos exemplos mais visíveis em Portugal das fragilidades da indústria europeia.
Em resumoA Bosch de Braga foi forçada a colocar 2.500 trabalhadores em 'lay-off' até abril de 2026 devido à crise global de semicondutores originada pelo conflito da Nexperia. Esta medida drástica evidencia o impacto direto da geopolítica na indústria nacional e a vulnerabilidade das cadeias de abastecimento europeias.