A operadora de mobilidade FlixBus acusa a Rede Expressos de manter um "bloqueio ilegal" ao seu acesso ao Terminal de Sete Rios, em Lisboa, resultando em perdas estimadas de 12,5 milhões de euros em 2024 e ameaças de levar o caso às instituições europeias. O conflito centra-se na recusa da Rede Expressos, que detém a concessão do terminal, em permitir a operação da FlixBus, apesar de uma decisão da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), emitida em maio, que determinou o acesso equitativo e não discriminatório à infraestrutura. A Rede Expressos justifica a sua posição alegando que o terminal atingiu o "limite da sua capacidade operacional e física", citando preocupações de segurança e um estudo do Instituto Superior Técnico.
A empresa recorreu da decisão da AMT.
Em contrapartida, a FlixBus, que solicitou 90 serviços diários, denuncia um "evidente conflito de interesses", uma vez que a Rede Expressos é simultaneamente gestora do terminal e sua concorrente direta no mercado. Pablo Pastega, diretor-geral da FlixBus em Portugal, classificou a situação como um "monopólio" e salientou que "Lisboa é a única capital europeia onde não temos acesso ao principal terminal da cidade". A empresa alemã, que já apresentou queixa à Autoridade da Concorrência, pondera agora recorrer à Comissão Europeia e ao Tribunal de Justiça da União Europeia para garantir o cumprimento da decisão do regulador português.
Em resumoA disputa pelo acesso ao Terminal de Sete Rios evidencia um conflito profundo sobre concorrência e regulação no setor dos transportes em Portugal. Enquanto a FlixBus se apoia numa decisão regulatória para reclamar o seu direito de operar, a Rede Expressos invoca limitações de capacidade e segurança, criando um impasse que poderá escalar para instâncias europeias e redefinir as regras de acesso a infraestruturas críticas.