A Bosch de Braga anunciou o fim do regime de 'lay-off' que afetava 2.500 trabalhadores, retomando a laboração normal a partir de 24 de novembro. A decisão surge na sequência de um fornecimento mais contínuo de componentes eletrónicos da Nexperia, após o governo neerlandês ter suspendido a sua intervenção na empresa de semicondutores detida por capitais chineses. O regime de 'lay-off' na fábrica de Braga, que se iniciou em novembro com previsão de durar até abril de 2026, foi motivado pela escassez de semicondutores provenientes da Nexperia. Esta quebra no fornecimento estava diretamente ligada a tensões geopolíticas, depois de o governo dos Países Baixos ter intervindo na Nexperia, em outubro, por receio da transferência de tecnologia para a sua empresa-mãe chinesa, a Wingtech, e de riscos para a segurança económica europeia.
Em resposta, a China impôs um bloqueio às exportações da principal fábrica da Nexperia no seu território, afetando toda a indústria automóvel europeia, incluindo o grupo Volkswagen e, consequentemente, a Autoeuropa.
A situação começou a normalizar-se após o governo neerlandês anunciar a suspensão da sua intervenção, descrevendo-a como um “gesto de boa-vontade” após “negociações construtivas” com a China. Esta desescalada permitiu a regularização da cadeia de abastecimento, levando a Bosch a anunciar que “consegue produzir sem necessidade de recorrer a um regime de ‘lay-off’”.
Em resumoA resolução do 'lay-off' na Bosch Braga é uma consequência direta da desescalada na disputa entre o governo neerlandês e a China sobre a empresa de semicondutores Nexperia. Este episódio evidencia a vulnerabilidade das indústrias europeias dependentes de tecnologia a perturbações na cadeia de abastecimento enraizadas em conflitos geopolíticos sobre tecnologias estratégicas.