Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde realizaram uma greve de 24 horas no Algarve para protestar contra a degradação das condições de trabalho e a falta de pessoal. A paralisação, que ocorreu em pleno mês de agosto, afetou significativamente o funcionamento de hospitais e centros de saúde na região, que nesta altura do ano vê a sua população aumentar exponencialmente. Os sindicatos convocantes — Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas — reportaram uma adesão elevada, que estimaram em cerca de 80%, resultando na paralisação de serviços e no cancelamento de cirurgias programadas no hospital de Faro. Em contraste, a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve apontou para uma adesão de apenas 24% no turno da manhã. Os sindicatos denunciaram que a exaustão dos profissionais é extrema e que “os pedidos de exoneração e rescisões de contratos de trabalho acontecem quase diariamente”.
André Gomes, do SMZS, afirmou que a greve era um “alerta definitivo para o Governo”, frisando que “o Algarve está ligado às máquinas todo o ano”.
As reivindicações centram-se na necessidade de contratar mais profissionais e de criar condições para os fixar na região, onde o custo de vida, especialmente da habitação, é um grande obstáculo.
O presidente da ULS do Algarve, Tiago Botelho, considerou que a greve tinha motivações políticas, uma acusação classificada como “indecente” pelo secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, que defendeu que o impacto da greve apenas evidencia os problemas estruturais do SNS.
Em resumoA greve na saúde do Algarve, marcada por uma forte adesão sindical e pela discrepância de números com a administração, expôs a profunda exaustão dos profissionais e a carência de recursos numa região sob enorme pressão, sublinhando a urgência de medidas para fixar trabalhadores e salvar o SNS local.