O fim de semana de 9 e 10 de agosto serviu de prelúdio para as dificuldades sentidas no feriado seguinte, com o encerramento de várias urgências de Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria. A situação revelou um padrão de constrangimentos que afeta a capacidade de resposta do SNS de forma contínua, mesmo antes do pico do fim de semana prolongado. Durante o sábado e o domingo, a população de várias regiões do país deparou-se com serviços de urgência essenciais indisponíveis. No sábado, as urgências de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais de Aveiro, Caldas da Rainha, Vila Franca de Xira e Almada estiveram encerradas. A estas juntou-se, no domingo, a urgência do hospital de Setúbal. A situação foi particularmente grave no Hospital de Vila Franca de Xira, onde tanto a urgência de Ginecologia e Obstetrícia como a de Pediatria permaneceram fechadas em ambos os dias.
Para além dos encerramentos totais, vários outros hospitais operaram em regime de contingência, com as suas urgências “referenciadas”, o que significa que apenas recebiam utentes encaminhados pelo INEM ou pela Linha SNS 24. Foi o caso das urgências de Pediatria dos hospitais São Francisco Xavier (Lisboa), Amadora-Sintra e Beatriz Ângelo (Loures), e das urgências de Obstetrícia e Ginecologia de Leiria e Santarém. A justificação, mais uma vez, foi a incapacidade de completar as escalas por falta de médicos especialistas, um problema exacerbado pelo período de férias de verão.
Esta situação prévia ao feriado demonstrou que a crise não era pontual, mas sim uma realidade instalada e persistente.
Em resumoOs eventos do fim de semana de 9 e 10 de agosto sublinharam que a crise nas urgências é um estado de degradação contínua, e não um incidente isolado, minando a confiança da população na capacidade do SNS para garantir cuidados de emergência atempados e previsíveis.