A crise nas urgências do SNS demonstrou não ser um problema exclusivo dos fins de semana, com o encerramento de quatro serviços de Ginecologia e Obstetrícia e constrangimentos noutros cinco numa segunda-feira. A situação, reportada a 11 de agosto, confirma a natureza estrutural e diária da falta de médicos especialistas para garantir o funcionamento dos serviços. Na segunda-feira, os dados do Portal do SNS indicavam o encerramento total das urgências de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais Garcia de Orta (Almada), Vila Franca de Xira, Doutor Manoel Constâncio (Abrantes) e Infante Dom Pedro (Aveiro).
A previsão era que estes serviços se mantivessem fechados na terça-feira, dia em que se juntaria à lista o Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro.
Para além dos encerramentos, outras cinco urgências funcionavam com fortes limitações, em regime “referenciado”, recebendo apenas casos encaminhados pelo INEM ou pela Linha SNS 24.
Esta lista incluía os hospitais de Santarém, São Francisco Xavier (Lisboa), Santo André (Leiria), Braga e a urgência pediátrica do Amadora-Sintra.
A ocorrência de tantos constrangimentos num dia útil normal evidencia que a dificuldade em preencher as escalas médicas é uma realidade permanente e não apenas um fenómeno associado a feriados ou períodos de férias, afetando a previsibilidade e o acesso aos cuidados de saúde de forma contínua para milhares de utentes em todo o país.
Em resumoO encerramento de urgências durante a semana laboral desmente a ideia de que a crise é apenas sazonal, revelando uma incapacidade crónica do sistema para garantir as escalas médicas e a previsibilidade dos serviços essenciais, independentemente do dia da semana.