A falta de médicos especialistas para assegurar as escalas de serviço provocou o encerramento e condicionamento de múltiplas urgências de Ginecologia e Obstetrícia em todo o país, culminando numa situação crítica durante o fim de semana prolongado de meados de agosto. A crise no Serviço Nacional de Saúde atingiu um ponto crítico com o fecho de pelo menos seis serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia na sexta-feira, dia 15 de agosto, afetando hospitais como o Garcia de Orta (Almada), São Bernardo (Setúbal), Vila Franca de Xira, Santarém, Caldas da Rainha e Santo André (Leiria). Em vários destes casos, os constrangimentos prolongaram-se por todo o fim de semana, deixando grávidas de vastas regiões sem acesso a cuidados de proximidade.
Para além dos encerramentos totais, outras unidades, como o Hospital São Francisco Xavier (Lisboa) e o Hospital de Braga, operaram com fortes limitações, aceitando apenas doentes encaminhados pelo INEM ou pela linha SNS 24. A situação estendeu-se também às urgências pediátricas, com o Hospital de Vila Franca de Xira a encerrar e o Amadora-Sintra a funcionar de forma referenciada. A causa apontada de forma unânime é a “falta de médicos especialistas para assegurarem as escalas”, um problema crónico que se agudiza em períodos de férias. Esta situação sistémica obriga as utentes a percorrerem distâncias maiores em momentos de vulnerabilidade, aumentando o risco e a ansiedade.
Perante este cenário, as autoridades de saúde reiteram o apelo para que a população contacte a Linha SNS24 (808 24 24 24) antes de se dirigir a uma urgência, uma medida de gestão que visa orientar os doentes num sistema sob forte pressão, mas que não resolve a carência estrutural de recursos humanos.
Em resumoOs encerramentos em série das urgências de obstetrícia demonstram uma falha estrutural na capacidade de resposta do SNS, atribuída à falta de médicos especialistas, forçando uma reorganização em rede que aumenta a insegurança para as grávidas e sobrecarrega os hospitais que permanecem abertos.