Os dados revelam uma crise de confiança e qualidade que afeta tanto o setor público como o privado.

Entre janeiro e agosto, o setor da saúde registou 3.500 queixas, das quais 1.800 foram direcionadas especificamente aos serviços de urgência.

A Obstetrícia concentra 31% destas reclamações, seguida pela Ginecologia (10%) e Pediatria (8%), áreas que têm sido particularmente afetadas por encerramentos e falta de profissionais. Os principais motivos de queixa incluem o mau atendimento, a falta de comunicação, cobranças indevidas, e, de forma proeminente, os tempos de espera excessivos.

Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, classifica a situação como um "problema sistémico", afirmando que os dados confirmam "aquilo que os utentes denunciam há anos: um sistema desorganizado, indiferente e, em muitos casos, desumano".

A análise mostra que, embora o SNS concentre a maior percentagem de queixas (24%), os hospitais privados não estão imunes, com a CUF a registar 17,61% e a Lusíadas Saúde 11,44%.

Geograficamente, Lisboa, Porto e Setúbal são as cidades com mais reclamações.

Este aumento exponencial de queixas é um indicador claro do impacto direto da crise do SNS na experiência do utente, refletindo a frustração e a insegurança sentidas pela população ao procurar cuidados urgentes.