A crise manifestou-se de forma aguda com o fecho simultâneo de múltiplos serviços vitais em diversas regiões do país. Hospitais como os de Portimão, Barreiro, Aveiro, Almada, Caldas da Rainha e Setúbal viram-se forçados a encerrar as suas urgências de obstetrícia, enquanto unidades como a de Vila Franca de Xira e Torres Vedras fecharam a pediatria. Esta rede de encerramentos, muitas vezes comunicada com pouca antecedência através do portal do SNS, gerou um clima de incerteza e insegurança entre as famílias, especialmente grávidas em trabalho de parto, que se viram obrigadas a procurar alternativas em hospitais mais distantes e já sobrecarregados. A principal causa apontada para esta disrupção sistémica é a carência de médicos especialistas para preencher as escalas de serviço, um problema crónico que se agrava durante os períodos de férias. Como solução paliativa, várias unidades, como as de Braga, Leiria e Amadora-Sintra, operaram em regime de urgência referenciada, aceitando apenas doentes encaminhados pelo INEM ou pela linha SNS 24.

No entanto, esta medida não resolve a falta de capacidade instalada e apenas transfere a pressão para os centros de triagem, arriscando atrasos no acesso a cuidados urgentes. A repetição destes episódios de fim de semana demonstra que o problema deixou de ser pontual para se tornar uma falha estrutural na organização e planeamento de recursos humanos do SNS.