O encerramento da urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Vila Franca de Xira forçou uma parturiente a uma transferência para Lisboa, culminando no nascimento da sua filha em plena autoestrada A1. O caso expõe de forma dramática as consequências diretas da crise nas urgências do SNS para a segurança dos utentes. O episódio, que ocorreu durante a madrugada de 27 de agosto, tornou-se um símbolo da precariedade no acesso aos cuidados de saúde materno-infantil. A parturiente, residente em Samora Correia, foi transportada pelos Bombeiros Voluntários locais, que, ao encontrarem a urgência do hospital da sua área de referência encerrada, foram reencaminhados para o Hospital São Francisco de Xavier, em Lisboa. Contudo, o trabalho de parto evoluiu rapidamente e a bebé, chamada Matilde, nasceu antes da chegada ao destino, na A1, perto das portagens de Alverca. O parto foi realizado na ambulância pelos bombeiros Lúcia Moreira e António Pedro, que receberam apoio da equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Vila Franca de Xira.
Embora mãe e filha tenham ficado bem, o incidente levanta sérias questões sobre os riscos a que os utentes são expostos.
O nascimento ocorreu fora de um ambiente hospitalar controlado, dependendo inteiramente da competência e improviso das equipas de emergência pré-hospitalar. Este não é um caso isolado, mas sim a face mais visível de um problema recorrente que, segundo o adjunto de comando dos bombeiros de Samora Correia, Bruno Pereira, transformou as estradas da região em locais de nascimento devido ao “encerramento constante das maternidades dos hospitais que servem a Lezíria do Tejo”.
Em resumoO nascimento de um bebé na A1 é um símbolo contundente das falhas do SNS, onde o fecho de uma urgência de obstetrícia transformou um momento vital numa emergência de alto risco na estrada, dependente da perícia de bombeiros e equipas médicas fora de um ambiente hospitalar.