Esta situação recorrente obriga utentes a longas deslocações e aumenta a pressão sobre as poucas unidades que permanecem operacionais.

Os artigos do final de agosto de 2025 descrevem um cenário de constrangimentos severos, com múltiplos relatos de quatro a cinco serviços de urgência de Obstetrícia e Ginecologia encerrados em simultâneo. Entre os hospitais afetados encontram-se unidades de referência como o Hospital de Portimão, o Hospital Nossa Senhora do Rosário (Barreiro), o Hospital Infante Dom Pedro (Aveiro), o Hospital Garcia de Orta (Almada), o Hospital das Caldas da Rainha e o Hospital de Setúbal. A estes encerramentos totais somam-se os serviços de urgência pediátrica, como o de Torres Vedras, que também enfrentaram interrupções. A complexidade do problema é agravada pelo facto de outros hospitais de grande dimensão, como o Amadora-Sintra (Hospital Fernando Fonseca), o de Vila Franca de Xira e o de Leiria, operarem em regime de acesso condicionado, recebendo apenas doentes referenciados pela Linha SNS 24 ou pelo INEM. A causa principal, apontada de forma consistente, é a carência crónica de médicos especialistas para assegurar as escalas, uma dificuldade que se agudiza durante os períodos de férias.

Esta falha sistémica coloca grávidas e famílias com crianças doentes numa posição de vulnerabilidade, forçando-as a procurar assistência em locais distantes.

A principal orientação das autoridades de saúde tem sido apelar ao contacto prévio com a Linha SNS 24, transferindo para o utente a responsabilidade de navegar num sistema de saúde fragmentado e imprevisível, o que reflete uma degradação significativa no acesso a cuidados essenciais.