O caso tornou-se um símbolo dramático do impacto direto da crise no SNS na vida dos cidadãos.

O nascimento da bebé Matilde dentro de uma ambulância na autoestrada A1 constitui uma ilustração contundente do custo humano das falhas nos serviços de saúde.

O incidente, amplamente noticiado, ocorreu de madrugada, quando a mãe, Diana, residente em Samora Correia, entrou em trabalho de parto. Ao encontrarem a urgência de obstetrícia do seu hospital de referência, em Vila Franca de Xira, encerrada, os bombeiros voluntários que a transportavam foram obrigados a redirecionar a rota para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, a cerca de 50 quilómetros de distância. A bebé não esperou, nascendo na autoestrada, na zona de Alverca, assistida pelos bombeiros Lúcia Moreira e António Pedro, com o apoio da equipa médica da VMER de Vila Franca de Xira.

Embora mãe e filha tenham ficado bem de saúde, o evento expõe uma tendência perigosa: um dos artigos refere que, no ano corrente, já ocorreram perto de 50 partos em ambulâncias, o dobro do total registado em 2024. Este caso é descrito como um de muitos nas estradas da região, consequência direta do “encerramento constante das maternidades dos hospitais que servem a Lezíria do Tejo”. O episódio desencadeou reações políticas, com o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, a classificá-lo como o “cúmulo terceiro-mundista” e um “falhanço brutal” das políticas de saúde atuais.

Assim, a história do nascimento de Matilde transcendeu o âmbito pessoal para se tornar um poderoso símbolo nacional dos riscos que as grávidas enfrentam perante a imprevisibilidade dos cuidados de obstetrícia de urgência em Portugal.