No entanto, a governante admitiu a existência de um "problema muito grave de recursos humanos", que considera a raiz dos constrangimentos no Serviço Nacional de Saúde. Perante a intensa pressão pública e política sobre o estado do SNS, especialmente devido aos repetidos encerramentos de serviços de urgência, a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, dirigiu-se ao país.

Numa entrevista, assumiu o compromisso firme: “Não vamos encerrar maternidades”.

Esta declaração foi uma resposta direta aos receios expressos por autarcas e pela população, nomeadamente em relação a hospitais como o de Vila Franca de Xira.

Ao mesmo tempo que oferecia esta garantia, a ministra reconheceu o cerne do problema, afirmando: “É óbvio que nós temos um problema muito grave de recursos humanos, de médicos e enfermeiros.

E é óbvio que ele não se vai resolver numa legislatura”.

Tentou enquadrar a situação de forma mais positiva, comparando-a com o ano anterior, ao notar que, durante o fim de semana do feriado de 15 de agosto, apenas quatro urgências de obstetrícia encerraram, em contraste com oito em 2024. Atribuiu esta “melhoria” a uma melhor coordenação por parte da Direção Executiva do SNS e aos esforços “de sacrifício” das equipas de saúde.

Ana Paula Martins abordou também a controversa questão dos “médicos tarefeiros”, anunciando planos para regulamentar a sua contratação, a fim de criar mais “justiça” entre as suas elevadas remunerações por hora e as dos médicos assalariados do SNS.

Esta resposta revela uma estratégia dupla: tranquilizar a opinião pública quanto à permanência de serviços essenciais, enquanto gere as expectativas, destacando a natureza profunda e de longo prazo da crise de pessoal.