O encerramento da urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Vila Franca de Xira forçou uma grávida a dar à luz numa ambulância, em plena Autoestrada 1 (A1), um caso que simboliza o agravamento da crise no acesso aos cuidados materno-infantis. A bebé, chamada Matilde, nasceu na madrugada de 27 de agosto, na zona de Alverca, assistida por uma equipa dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia, com o apoio da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER). A mãe, Diana, residente em Samora Correia, estava a ser transportada para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, num desvio de cerca de 50 quilómetros, precisamente porque a unidade hospitalar que serve a sua área de residência se encontrava com o serviço encerrado. Este incidente não é isolado, inserindo-se numa tendência preocupante: os artigos noticiam que, em 2025, já ocorreram perto de 50 partos em ambulâncias, o dobro do total registado em todo o ano de 2024.
O Diretor-Executivo do SNS, Álvaro Almeida, admitiu um “aumento ligeiro” nestes casos, mas defendeu que “não estão diretamente relacionados com o encerramento de urgências”, uma afirmação que contrasta com as circunstâncias específicas deste parto.
O episódio evidencia os riscos acrescidos para mães e bebés, que são obrigados a percorrer longas distâncias em trabalho de parto, transformando as estradas e ambulâncias em maternidades improvisadas.
Em resumoO nascimento da bebé Matilde numa ambulância na A1 é um exemplo flagrante das consequências diretas do fecho de urgências de obstetrícia, refletindo uma tendência crescente de partos fora de ambiente hospitalar seguro.