O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou para uma carência de cerca de 20 mil enfermeiros a nível nacional, uma situação que resulta numa “brutal” sobrecarga de trabalho para os profissionais em funções e compromete a qualidade e segurança dos cuidados prestados no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A dimensão do problema é particularmente visível no distrito do Porto, onde os enfermeiros realizaram mais de 600 mil horas extraordinárias no primeiro semestre de 2025, o que, segundo o sindicato, equivale à falta de 659 profissionais. A coordenadora regional do SEP, Fátima Monteiro, sublinhou que esta sobrecarga leva a um “elevado número de enfermeiros em 'burnout'”.
A situação no Algarve é igualmente crítica, com o sindicato a estimar uma carência de 1.500 enfermeiros e a lançar a campanha “A nossa vida não tem horas extraordinárias” para denunciar as condições de trabalho.
Os profissionais acumulam milhares de folgas e feriados em dívida. O SEP critica a falta de planeamento do Ministério da Saúde, apontando o atraso na aprovação dos Planos de Desenvolvimento Organizacionais (PDO), que permitiriam a contratação de mais enfermeiros para os quadros. O enfermeiro Nuno Lourinho, do Hospital de Santo António, afirmou que só no seu serviço faltam cerca de 90 enfermeiros, e que as condições precárias oferecidas aos recém-contratados, aliadas ao elevado custo de vida, levam a que muitos abandonem o serviço pouco tempo após serem admitidos.
Em resumoO SEP denuncia uma carência estrutural de 20 mil enfermeiros no SNS, resultando num recurso massivo a horas extraordinárias e num elevado nível de exaustão profissional, com especial gravidade nas regiões do Porto e do Algarve.