O Hospital de Santo André, em Leiria, conseguiu manter o seu serviço de urgência de Ginecologia e Obstetrícia a funcionar de forma ininterrupta durante todo o mês de agosto, um feito inédito nos últimos três anos. A continuidade do serviço resultou num aumento do número de nascimentos, com mais 43 bebés a nascerem na unidade em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Nos dois anos anteriores, a falta de médicos especialistas tinha forçado o encerramento do serviço durante 18 dias consecutivos em agosto, obrigando as grávidas da região a serem encaminhadas para outras unidades hospitalares, como Coimbra.
Este ano, a administração hospitalar conseguiu assegurar as escalas médicas, recorrendo ao pagamento de horas extraordinárias para garantir a presença contínua de profissionais.
Esta solução, embora eficaz a curto prazo, evidencia a dependência do sistema em trabalho suplementar para colmatar a carência estrutural de médicos.
O sucesso em manter o serviço aberto durante um período tradicionalmente crítico, como o mês de férias de agosto, contrasta com a situação de muitas outras urgências de obstetrícia no país, que continuaram a enfrentar encerramentos e constrangimentos. O caso de Leiria demonstra que, com planeamento e investimento em horas extraordinárias, é possível garantir a resposta, mas levanta questões sobre a sustentabilidade a longo prazo deste modelo de gestão de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde.
Em resumoPela primeira vez em três anos, a urgência de obstetrícia do Hospital de Leiria não encerrou em agosto, graças ao recurso a horas extraordinárias. A medida permitiu um aumento significativo no número de partos, mas sublinha a dependência do SNS em trabalho suplementar para manter serviços essenciais.