Um relatório de atividades do INEM revelou que, em 2024, quase 21 mil pessoas em risco de vida não receberam o nível de socorro tecnicamente exigido, uma falha associada a uma grave carência de recursos humanos no instituto. A situação levou a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) a apresentar uma queixa junto da Comissão Europeia por "falhas estruturais". De acordo com o relatório, o INEM registou 148.251 ocorrências de prioridade máxima (P1), que requerem o envio de meios diferenciados como uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) ou uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV).
No entanto, os acionamentos destes meios totalizaram apenas 127.290, deixando 20.961 situações sem a intervenção mais especializada.
Estes doentes terão sido assistidos por ambulâncias com técnicos de menor formação.
A discrepância entre ocorrências críticas e a resposta adequada tem vindo a aumentar desde 2022.
O documento expõe também que o INEM funcionou com menos 709 trabalhadores do que os previstos no seu mapa de pessoal, sendo a falta de técnicos de emergência a mais premente (faltam 501). A ANTEM classificou os dados como "alarmantes", defendendo uma "reforma profunda no modelo" de emergência médica. Em resposta, a associação apresentou queixa em Bruxelas, argumentando que Portugal não cumpre a legislação europeia no que diz respeito à formação e competências dos profissionais de emergência médica.
Em resumoDados oficiais do INEM mostram que uma carência de pessoal de mais de 700 trabalhadores contribuiu para que quase 21 mil doentes críticos não recebessem o socorro especializado adequado em 2024, uma falha sistémica que motivou uma queixa de sindicatos a nível europeu.