Esta carência estrutural torna os encerramentos pontuais destes serviços uma consequência inevitável da atual escassez de recursos humanos.

Durante a sua intervenção na Comissão de Saúde, Álvaro Almeida quantificou o défice de profissionais, explicando que os médicos do SNS estão contratualmente obrigados a prestar um total de 509 mil horas de urgência anuais, mas que a cobertura total exigiria “um milhão e 22 mil horas”, ou seja, o dobro.

Se os especialistas se limitassem a cumprir o seu contrato, “metade das urgências estariam sempre fechadas”.

O responsável considerou impossível atingir o número ideal de médicos “no curto, nem no médio prazo, nem mesmo ao fim de muitos anos”.

Contudo, enalteceu a disponibilidade dos profissionais existentes, que, ao trabalharem para além das suas obrigações, permitem que “quase sempre para cima de 90% das urgências” estejam a funcionar. Como nota positiva, Almeida referiu que o plano de contingência em vigor resultou numa redução de 35% nos encerramentos de urgências de obstetrícia e ginecologia no verão, em comparação com o ano anterior. Como solução estrutural, apontou a necessidade de rever a rede de urgências, defendendo a criação de “urgências regionais, que são pontos de urgência únicos numa determinada região”, uma proposta que está a ser analisada por um grupo de trabalho.