Esta dissonância entre a promessa política e a realidade operacional intensificou as críticas à gestão governamental da crise na saúde.

No início de julho, numa entrevista televisiva, a ministra da Saúde tinha garantido que a urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta estaria a funcionar em pleno a partir do dia 1 de setembro, com a contratação de uma nova equipa de obstetras. Esta promessa foi recebida com esperança por uma população habituada a constrangimentos recorrentes nos serviços de saúde da região.

No entanto, a realidade de meados de setembro demonstrou a fragilidade dessa garantia.

O serviço, que se manteve a funcionar com recurso a médicos do quadro e a prestadores de serviços, colapsou quando estes últimos se tornaram indisponíveis.

A situação expôs que a solução estrutural anunciada não estava, na prática, implementada ou era insuficiente para garantir a autonomia do serviço.

Críticos, como a Federação Nacional dos Médicos, classificaram o anúncio da ministra como “propaganda eleitoralista”, argumentando que a realidade no terreno não correspondia às declarações públicas, o que minou a confiança dos utentes e dos profissionais no planeamento da tutela.