Península de Setúbal sem resposta de obstetrícia após encerramento simultâneo de todas as urgências
A Península de Setúbal enfrentou um colapso total no atendimento de obstetrícia e ginecologia durante um fim de semana, com o encerramento simultâneo das urgências dos hospitais Garcia de Orta (Almada), São Bernardo (Setúbal) e Nossa Senhora do Rosário (Barreiro). Esta situação inédita obrigou ao reencaminhamento de todas as grávidas para unidades hospitalares em Lisboa, expondo a extrema vulnerabilidade da rede de saúde na região. A crise foi desencadeada pela “indisponibilidade” manifestada “à última hora” por mais de 20 médicos prestadores de serviços, vulgarmente conhecidos como 'tarefeiros', que eram essenciais para completar as escalas no Hospital Garcia de Orta, a única unidade que deveria permanecer aberta. O Ministério da Saúde, em comunicado, classificou a situação como “muito preocupante” e resultado de um imprevisto, sublinhando que a Unidade Local de Saúde (ULS) Almada/Seixal tinha garantido que o processo de contratação de novos médicos estava em curso. A autarca de Almada, Inês de Medeiros, reagiu com preocupação, afirmando que, “ao contrário do que tem sido forçadamente anunciado, não há nenhum plano que, na realidade, esteja a funcionar”. A sua crítica foi partilhada por comissões de utentes, como a do Seixal, que considerou o desfecho “lamentável, mas expectável”, e pela Associação OVO Portugal, que denunciou o encerramento como uma forma de “violência institucional e obstétrica, que limita o acesso a cuidados essenciais e coloca vidas em risco”. Este evento tornou-se um símbolo da fragilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na Margem Sul, dependente de soluções precárias para assegurar serviços essenciais e revelando falhas de planeamento que deixaram mais de 800 mil habitantes sem resposta de proximidade.



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