A Península de Setúbal enfrentou um fim de semana crítico com o encerramento simultâneo das urgências de Ginecologia e Obstetrícia dos hospitais de Almada, Setúbal e Barreiro. A falha na resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) expôs a vulnerabilidade da região e forçou o encaminhamento de grávidas para Lisboa. A crise foi desencadeada pela “indisponibilidade” comunicada “à última hora” por médicos prestadores de serviços, conhecidos como tarefeiros, que eram essenciais para assegurar as escalas de serviço nos hospitais Garcia de Orta (Almada), São Bernardo (Setúbal) e Nossa Senhora do Rosário (Barreiro). Este colapso deixou a região, com cerca de 835 mil habitantes, sem qualquer resposta pública de obstetrícia, obrigando ao desvio de utentes para unidades hospitalares em Lisboa.
A situação foi classificada como “muito preocupante” pela Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que admitiu ter sido “muito penalizador” assumir “politicamente uma solução que me foi garantida e vê-la desfeita sem sequer compreender porquê”.
A promessa de manter a urgência do Garcia de Orta a funcionar 24 horas por dia desde 1 de setembro, com o reforço de novos médicos, não se concretizou, o que gerou críticas por parte de autarcas como Inês de Medeiros, de Almada, que lamentou a ausência de um “plano que, na realidade, esteja a funcionar”. A crise levou a uma reunião de emergência entre a ministra, a Direção Executiva do SNS e os administradores das três Unidades Locais de Saúde (ULS) da região para encontrar soluções. O episódio expôs a elevada dependência do SNS de contratos precários e a fragilidade do planeamento de recursos humanos numa das áreas mais populosas do país.
Em resumoO encerramento simultâneo das urgências obstétricas na Península de Setúbal, devido à falha de médicos tarefeiros, evidenciou uma grave crise no SNS, resultando na ausência de resposta local para grávidas e expondo as falhas no planeamento e na contratação de profissionais de saúde.