A proposta do Governo de transferir à força médicos obstetras do Hospital do Barreiro para o de Almada foi recebida com uma vaga de críticas por parte dos sindicatos e da Ordem dos Médicos. As organizações alertam que a medida é “inútil” e “lamentável”, podendo provocar mais saídas de profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, classificou a decisão como “inútil porque nem sequer há médicos a quem aplicar isto”, explicando que o Hospital do Barreiro tem apenas oito obstetras, dos quais “seis com mais de 55 anos, que já nem sequer têm idade para fazer urgência”.
Os restantes dois médicos, advertiu, “poderão rescindir contrato” com o SNS perante uma “tentativa forçada”.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considerou a medida “absolutamente lamentável”, afirmando que “a Ordem dos Médicos censura qualquer tipo de intervenção colocada, logo à partida, desta forma”. Cortes recordou que tentativas anteriores de obrigar médicos a deslocarem-se, como no caso do Hospital Santa Maria, resultaram na saída de profissionais, e avisou que “tudo aquilo que é feito à força (…) não vai correr bem e nunca terá o apoio da Ordem dos Médicos”. Os sindicatos sublinham ainda que os acordos coletivos de trabalho protegem os médicos de deslocações forçadas, exceto para os que estão em regime de dedicação plena e dentro de um raio de 30 quilómetros, defendendo que qualquer mobilidade teria de ser voluntária e acompanhada de incentivos.
Em resumoA resposta unânime dos sindicatos e da Ordem dos Médicos à mobilização forçada de obstetras foi de forte condenação, alertando para a ilegalidade, a falta de exequibilidade da medida devido à carência de médicos no Barreiro e o risco real de agravar a fuga de especialistas do SNS.