A urgência de obstetrícia do Hospital de Vila Franca de Xira enfrenta um risco sério de encerramento devido à falta de médicos especialistas, o que levou o colégio da especialidade da Ordem dos Médicos a emitir um parecer para a perda de idoneidade formativa do serviço. Esta situação, caso se concretize, impediria a formação de novos internos na unidade, agravando ainda mais a carência de profissionais e podendo ditar o fim da urgência. O serviço conta atualmente com apenas quatro obstetras no quadro, um número manifestamente insuficiente para assegurar as escalas e a formação de internos.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, confirmou que, se não for possível contratar mais especialistas rapidamente, os internos terão de ser realocados para outros hospitais, que já se encontram sobrelotados.
A perda de idoneidade formativa é, segundo o presidente do colégio da especialidade, José Manuel Furtado, “uma possibilidade real”. Uma das soluções propostas por peritos passa por deslocar parte da equipa de Vila Franca de Xira para assegurar escalas no Hospital de Loures, a cerca de 40 quilómetros. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu que a maternidade não encerrará, mas reconheceu a necessidade de partilhar recursos e avançar com a criação de urgências regionais, um processo que exige tempo e legislação. A situação do Hospital de Vila Franca de Xira é considerada vulnerável, à semelhança do que já ocorreu com a urgência do Hospital do Barreiro, e reflete a crise estrutural que afeta a saúde materno-infantil no SNS.
Em resumoA iminente perda de idoneidade formativa da urgência de obstetrícia de Vila Franca de Xira ilustra como a escassez de médicos especialistas está a comprometer não só o atendimento imediato, mas também a capacidade de formação de futuros profissionais, criando um ciclo vicioso de degradação do serviço. A situação coloca em risco a continuidade de um serviço essencial e evidencia a urgência de medidas de retenção de médicos no SNS.