O encerramento da urgência de obstetrícia do Hospital do Barreiro tornou-se um símbolo da crise no SNS na Península de Setúbal, forçando grávidas a longas deslocações e resultando num aumento alarmante de partos realizados em ambulâncias. Este cenário evidencia as consequências diretas da falta de médicos e da reorganização de serviços na segurança das utentes e recém-nascidos. A situação na Península de Setúbal atingiu um ponto crítico, com o encerramento frequente e, agora, programado da urgência obstétrica do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro. Esta decisão, integrada no plano de reorganização nacional, sobrecarrega o Hospital Garcia de Orta, em Almada, que se torna frequentemente a única resposta para uma população de mais de 800 mil habitantes. A consequência mais dramática desta política é o aumento de partos extra-hospitalares.
Um caso noticiado deu conta do nascimento de um bebé numa ambulância dos Bombeiros da Moita, a caminho de Almada, por a urgência do Barreiro se encontrar encerrada.
Este foi o 14.º parto assistido pela mesma corporação apenas este ano, um número que o comandante Pedro Ferreira descreveu como “uma situação cada vez mais normal”.
A própria Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu no parlamento a ocorrência de cerca de 150 partos fora de ambiente hospitalar em 2025, um dado que reflete a gravidade do problema a nível nacional. A situação é agravada por constrangimentos noutros hospitais, como o de Setúbal, que também enfrenta encerramentos recorrentes, deixando as grávidas da região numa situação de grande vulnerabilidade e incerteza.
Em resumoO encerramento da urgência do Barreiro e o consequente aumento de partos em ambulância materializam os riscos da crise na obstetrícia, transformando o nascimento num evento de alto risco e expondo as falhas estruturais do sistema de saúde na Península de Setúbal.