Este colapso no atendimento expõe a sobrecarga crónica da unidade e a incapacidade do sistema em cumprir os tempos de resposta recomendados, colocando em risco a segurança dos utentes. Os dados do portal do SNS revelaram uma situação alarmante no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, onde doentes urgentes, que deveriam ser observados em 60 minutos, enfrentaram esperas de 16 horas. Para os doentes pouco urgentes (pulseira verde), a espera chegou a atingir as 18 horas. Apenas os casos muito urgentes (pulseira laranja) foram atendidos dentro do tempo recomendado.

A administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra justificou a situação com um pico anormal de procura e a ocorrência de vários casos graves em simultâneo.

No entanto, o problema parece ser estrutural.

No início do ano, a ULS aderiu ao projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, numa tentativa de mitigar a afluência, uma vez que cerca de 55% dos atendimentos na urgência eram de casos não urgentes ou pouco urgentes. A persistência de tempos de espera tão elevados demonstra que as medidas implementadas são insuficientes para lidar com a pressão sobre um dos maiores hospitais da região de Lisboa, que serve uma vasta população.

Este episódio ilustra a dificuldade do SNS em garantir uma resposta atempada e segura, mesmo para doentes cuja condição clínica exige uma observação médica rápida.