A análise das notícias revela um problema multifatorial e crónico.
Uma das principais causas apontadas pela administração hospitalar é a elevada percentagem de internamentos sociais, com mais de 20% das camas ocupadas por doentes que já tiveram alta clínica mas não têm para onde ir, bloqueando a admissão de novos pacientes provenientes da urgência. A falta de médicos de família na região, que afeta aproximadamente um terço da população servida pelo hospital, agrava o cenário, canalizando para a urgência muitos casos que poderiam ser resolvidos nos cuidados de saúde primários. De facto, um relatório anterior indicava que 55% dos atendimentos eram de situações não urgentes ou pouco urgentes.
Face a esta pressão, o diretor das urgências, Luís Duarte Costa, considerou o trabalho dos profissionais "um verdadeiro milagre".
Como resposta, a administração planeia criar uma unidade com cerca de 70 camas dedicada a internamentos sociais e, até ao final do ano, implementar um Centro de Responsabilidade Integrada (CRI) com equipas dedicadas à urgência, um modelo já existente noutros hospitais. A situação no Amadora-Sintra tornou-se um símbolo das dificuldades estruturais do SNS, onde a sobrecarga, a falta de vagas nos serviços de internamento e as falhas na rede de cuidados primários e continuados convergem para criar um ponto de rutura no acesso aos cuidados de emergência.














