Uma proposta abrangente de reorganização dos cuidados agudos a grávidas e crianças, entregue ao Governo pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher, prevê a mobilidade de equipas de pelo menos 12 maternidades e o encerramento de algumas urgências. O plano, coordenado pelo perito Alberto Caldas Afonso, visa otimizar os recursos humanos escassos, concentrando equipas em hospitais com maior capacidade de resposta e implementando modelos de rotatividade. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, a proposta mais impactante é o encerramento da urgência obstétrica do Hospital do Barreiro, com as suas equipas a serem deslocadas para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, que passaria a ser o polo central da Península de Setúbal, com o apoio do Hospital de Setúbal para casos referenciados.
O modelo de resposta alternada entre hospitais como Amadora-Sintra e São Francisco Xavier seria, para já, abandonado devido à elevada afluência que registam. Noutras zonas, como entre os hospitais de Loures e Vila Franca de Xira, Leiria e Caldas da Rainha, e Santarém e Abrantes, a solução poderá passar pela concentração de serviços ou pela rotação de equipas.
O plano prevê ainda o encerramento da urgência pediátrica de Torres Novas, com o coordenador a justificar que a atual separação entre obstetrícia (em Abrantes) e pediatria/neonatologia (em Torres Novas) "não faz sentido e não pode continuar".
A implementação destas medidas, que visam responder à falta de especialistas, exigirá negociação com os sindicatos e a criação de legislação para a mobilidade dos profissionais.
Em resumoUm plano de reorganização do SNS propõe a mobilidade de equipas de 12 maternidades e o encerramento de urgências, como a de obstetrícia no Barreiro e a de pediatria em Torres Novas. O objetivo é concentrar recursos humanos escassos, mas a medida enfrenta já forte contestação local por receio de perda de acesso a cuidados essenciais.