A Península de Setúbal enfrenta uma crise aguda nos serviços de obstetrícia, marcada pelo encerramento rotativo de urgências e um aumento alarmante de partos realizados em ambulâncias. Esta situação evidencia as fragilidades estruturais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região. A falta de profissionais de saúde, nomeadamente obstetras, tem forçado o encerramento recorrente das urgências de obstetrícia e ginecologia dos hospitais do Barreiro e de Setúbal, deixando o Hospital Garcia de Orta, em Almada, como a única alternativa para uma vasta população. Esta pressão sobre os serviços tem consequências dramáticas, como o aumento de partos ocorridos em ambiente extra-hospitalar.
Os Bombeiros Voluntários da Moita, por exemplo, assistiram a 15 partos em ambulâncias apenas este ano, um número que, segundo o comandante Pedro Ferreira, “aumentou substancialmente”.
Numa das ocorrências, o parto de uma bebé chamada Nariel ocorreu numa área de serviço da A33, com a corporação a partilhar nas redes sociais a mensagem: “A vida não espera”.
Estes incidentes levaram a que, em 2025, o número de partos em ambulâncias a nível nacional já tenha ultrapassado o total registado nos três anos anteriores. Em resposta a esta crise, o Governo anunciou a intenção de criar uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, centralizando a resposta no Hospital Garcia de Orta, que funcionaria em permanência, enquanto o de Setúbal receberia casos referenciados pelo SNS 24 e INEM.
Em resumoO encerramento frequente das urgências de obstetrícia na Margem Sul, especialmente no Hospital do Barreiro, resultou num perigoso aumento de partos em ambulâncias. A situação expõe uma grave carência de recursos humanos e levou o Governo a propor a criação de uma urgência regional como solução para a crise.