Este aumento alarmante é uma consequência direta dos encerramentos frequentes das urgências de obstetrícia, que obrigam as grávidas a longas e arriscadas deslocações entre hospitais.

Dados do INEM revelam que, até meados de setembro de 2025, já se tinham registado 32 partos em ambulâncias, um número superior aos 28 de todo o ano de 2024. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, referiu que o total de partos em ambiente extra-hospitalar (ambulâncias, rua ou casa) se aproximava dos 150 este ano.

A situação é particularmente grave na Península de Setúbal, onde corporações como os Bombeiros Voluntários da Moita assistiram a 15 partos só em 2025.

Numa ocorrência recente, um bebé nasceu numa área de serviço da A33, enquanto a mãe era transportada para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, porque a maternidade do Barreiro, a cinco minutos de distância, estava fechada. O comandante dos bombeiros da Moita, Pedro Ferreira, confirmou que o número de nascimentos em ambulâncias “aumentou substancialmente”. O Diretor Executivo do SNS, Álvaro Almeida, admitiu que os partos em ambulância “sempre aconteceram”, mas reconheceu que “parece que estão a acontecer um pouco mais”. Embora tenha afirmado que a situação “poderá ser minimizada” com a criação de urgências regionais e o reforço dos transportes, considerou que estes nascimentos “não vão acabar”, uma vez que “sempre existiram”.