A ocupação de mais de uma centena de camas por doentes com alta clínica, mas sem condições de retaguarda social para regressar a casa, está a provocar um grave congestionamento no Hospital de São José, em Lisboa. Esta situação obriga os doentes que chegam à urgência a esperar dias em macas por uma vaga de internamento, agravando a pressão sobre o serviço. Os chamados “doentes sociais” são utentes que já não necessitam de cuidados hospitalares, mas que, por falta de apoio familiar ou de vagas na Rede Nacional de Cuidados Continuados, permanecem internados indevidamente. No Hospital de São José, esta situação atinge uma dimensão crítica, com 103 camas ocupadas por estes casos. O bloqueio de vagas de internamento cria um efeito de cascata que se reflete diretamente no serviço de urgência. Com as enfermarias lotadas, os doentes que necessitam de ser internados a partir da urgência ficam retidos em macas nos corredores, por vezes durante dias, à espera que uma cama fique disponível.
Esta sobrelotação não só compromete a qualidade e a dignidade dos cuidados prestados, como também aumenta o risco de infeções e outros eventos adversos, além de gerar um enorme desgaste nas equipas clínicas.
Para tentar mitigar o problema, a administração do hospital está a procurar contratar camas no exterior, em unidades do setor social ou privado, para transferir estes doentes e libertar vagas para os casos agudos. No entanto, esta é uma solução paliativa para um problema estrutural que exige uma resposta integrada entre os ministérios da Saúde e da Segurança Social.
Em resumoO Hospital de São José enfrenta um congestionamento crónico devido à ocupação de 103 camas por doentes sociais, que já tiveram alta mas não têm para onde ir. Esta situação bloqueia o internamento de novos doentes, forçando-os a esperar dias em macas na urgência e evidenciando a falta de respostas sociais articuladas.