Diversos artigos reportam uma crise sem precedentes na Linha SNS 24, que se encontra a operar “acima da sua capacidade há mais de dois anos”.

Entre janeiro e setembro de 2025, a linha não conseguiu dar resposta a cerca de 1,5 milhões de chamadas, um aumento drástico face às 140 mil não atendidas no período homólogo de 2024. A situação é agravada por tempos de espera que atingiram uma média de 40 minutos em agosto.

A causa principal, segundo os especialistas, é o aumento de funcionalidades atribuídas à linha, como a triagem obrigatória para as urgências no âmbito do programa “Ligue Antes, Salve Vidas”, sem o correspondente “investimento na infraestrutura” e reforço de meios humanos e tecnológicos. Um estudo de investigadores nacionais e estrangeiros, citado em várias notícias, estima que, se nada for feito, perto de 300 mil chamadas mensais ficarão sem resposta no inverno, totalizando um milhão de utentes sem apoio.

Confrontada com estes dados, a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu os “constrangimentos” e garantiu que já foi pedido um reforço do serviço. “Aquilo que pedimos aos SPMS e à Altice, que é a nossa operadora da Linha SNS 24, foi que para o inverno fosse reforçada pelo menos em 27 unidades locais de saúde”, afirmou a governante, que também mencionou a necessidade de recorrer a “inteligência artificial no sistema” para agilizar o atendimento. No entanto, o coautor do estudo, Mário Amorim Lopes, alerta que tempos de espera elevados levam as pessoas a “perder confiança no sistema” e a dirigirem-se diretamente às urgências, anulando o propósito da linha.