Quase 90% dos portugueses consideram que a qualidade dos serviços está a piorar, refletindo um medo crescente de não obter assistência necessária em caso de doença. A investigação, conduzida a 1.134 inquiridos, pinta um quadro de profunda crise de confiança.
Os dados mostram que 89,6% dos portugueses sentem que o estado atual do SNS está a levar à “deterioração da qualidade dos serviços prestados”, e 85,1% receiam não conseguir obter os cuidados de que necessitam.
Este temor materializa-se em comportamentos concretos, com 37,4% a admitir ter adiado consultas ou tratamentos “com alguma frequência devido a tempos de espera prolongados”.
A responsabilidade por esta degradação é maioritariamente atribuída ao poder político, com 64,2% dos inquiridos a manifestarem insatisfação com o desempenho do Governo e 56,8% a criticarem a Direção-Geral da Saúde. Em contraste, os profissionais de saúde mantêm a confiança da população, com 57,3% a expressarem satisfação com médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares. Apesar da avaliação negativa, o recurso a seguros de saúde privados não é visto como uma alternativa universal, com cerca de quatro em cada dez inquiridos a afirmarem não sentir essa necessidade. Esta perceção negativa generalizada, descrita como um sentimento de que “o SNS já não provoca orgulho. Provoca medo”, reflete o impacto visível da crise nas urgências, das listas de espera e da dificuldade de acesso que afeta o quotidiano dos cidadãos.












