A situação, confirmada por dados do INEM e pelo Ministério da Saúde, expõe as grávidas e os recém-nascidos a riscos acrescidos, tornando-se um dos símbolos mais dramáticos da crise no SNS.

Os dados do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) revelam uma tendência preocupante: até 14 de setembro de 2025, já se tinham registado 32 partos em ambulâncias, um número que ultrapassa o total de cada um dos três anos anteriores (28 em 2024, 18 em 2023 e 25 em 2022). A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu que este ano já ocorreram cerca de 150 partos em ambiente extra-hospitalar.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) corrobora a gravidade da situação, referindo que, desde janeiro, “63 bebés nasceram em ambulâncias ou na rua”.

Perante estes números, o Diretor Executivo do SNS, Álvaro Almeida, reconheceu que, embora “partos nas ambulâncias sempre aconteceram”, parece que “estão a acontecer um pouco mais”. Numa declaração que gerou controvérsia, admitiu que o novo modelo de urgências regionais, que centraliza serviços, é “uma possibilidade” que pode levar a um aumento destes casos, afirmando que acabar com os partos em ambulância “é impossível”. Esta realidade é a consequência direta dos constrangimentos e encerramentos de maternidades por todo o país, que obrigam as grávidas a percorrer “dezenas de quilómetros para aceder a cuidados médicos essenciais”.