Greve Nacional de Médicos Convocada em Protesto Contra a Reorganização das Urgências

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) convocou uma greve nacional para 24 de outubro, em resposta à recusa da ministra da Saúde em negociar a carreira médica e à apresentação de medidas que, segundo o sindicato, colocam em risco a segurança da população. A paralisação, que coincide com a greve da Função Pública, surge após uma reunião com a ministra Ana Paula Martins, que a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, descreveu não como uma “verdadeira negociação”, mas sim como “a apresentação de um ato consumado, com medidas que consideramos prejudiciais para a população e para o SNS”. O epicentro do descontentamento é o plano do Governo para concentrar serviços de urgência a nível regional, uma medida que os médicos alertam que irá afastar os cuidados de proximidade e sobrecarregar as unidades de referência. A FNAM acusa a tutela de violar “as boas práticas da negociação coletiva”, apontando a ausência de uma ordem de trabalhos ou de propostas legislativas prévias à reunião. Para além da reorganização das urgências, os médicos exigem a revisão dos acordos coletivos, com propostas que incluem a reposição do horário semanal de 35 horas, a recuperação do poder de compra e a reintegração do internato na carreira médica. A federação sublinha que muitas destas medidas não teriam impacto orçamental e seriam cruciais para valorizar a carreira e fixar profissionais no SNS, que atravessa uma “crise sem precedentes”, com “unidades de saúde encerradas, serviços de urgência sobrelotados” e um aumento de partos ocorridos em ambulâncias.

Em resumo

A greve convocada pela FNAM representa um ponto de rutura entre a classe médica e o Governo, evidenciando uma profunda discordância sobre o futuro do SNS. O protesto não se limita a reivindicações salariais, centrando-se na oposição a um modelo de reorganização das urgências que os médicos consideram perigoso e mal planeado.

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