Estes incidentes, como o parto assistido pela PSP à porta do Hospital de Sintra, ilustram o impacto direto da crise no acesso a cuidados materno-infantis.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alerta que, desde janeiro, já nasceram 63 bebés em ambulâncias ou na rua, um número que expõe a vulnerabilidade de grávidas que “percorrem dezenas de quilómetros para aceder a cuidados médicos essenciais”. Um caso que ganhou visibilidade mediática foi o de um parto ocorrido à porta do Hospital de Sintra, uma unidade sem serviço de obstetrícia. A grávida, com 39 semanas de gestação, dirigia-se para uma consulta no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, quando entrou em trabalho de parto e se viu forçada a procurar a unidade mais próxima.

O nascimento ocorreu dentro do veículo, assistido por uma agente da PSP antes da chegada da equipa médica.

A Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra classificou o episódio como um “caso exemplar de resposta no âmbito do SNS”, mas o incidente levou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a pedir esclarecimentos. Estes acontecimentos materializam os receios dos sindicatos sobre o encerramento de maternidades, como as do Barreiro e Setúbal, que obrigam as grávidas da Margem Sul a deslocarem-se para o Hospital Garcia de Orta, em Almada.